sábado, 20 de fevereiro de 2016

Poema a pedal

Uma delicia, este poema de  Eduardo Polo, ilustrado por Serge Bloch:


 
"A Bicicleta

A bici segue a cleta
por uma ave sempre nida
e uma cor toca a sua neta...
Que canção tão perseguida!

A carrua segue a gem
pela esta quase ção
como o vai segue o vém
e o Outono o seu Verão

atrás do hori vai o zonte
atrás do ele vai o fante,
correm juntos pelo monte
e às vezes mais adiante.

Além vai o coração
no avião que ali vês
e com ele vai a canção
escrita em portu muito guês."

O livro onde encontram esta, e outras, pérolas é "O Tigre na Rua e outros poemas", editado pela Bruaá. A comprar!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Suporte de parede

Precisava de um suporte de bicicleta para arrumar a Batavus.
Na arrecadação tenho dois suportes, daqueles vulgares, onde se penduram duas bicicletas. Mas desta vez queria uma coisa diferente. Como esta bicla fica dentro de casa, queria uma coisa mais bonita. Fui pesquisar e encontrei muitos suportes com design interessantes. Bonitos e funcionais, mas também geralmente caros. Decidi por isso fazer um e pensei fazê-lo em madeira. Não é difícil e na Internet encontramos várias ideias.
E foi enquanto pesquisava na net que encontrei um tipo de suporte diferente e original, feito com peças de bicicleta. Gostei da ideia, e no baú das tralhas tinha disponíveis um avanço, e fitas de guiador. Na ausência destas podia também ter usado uma câmara de ar velha.
Ficava só a faltar o guiador e uma ferragem apropriada para o afixar na parede. O guiador foi-me simpaticamente cedido pelo Pedro. Obrigado! ;)
Quanto à peça para o fixar na parede, não encontrei uma ferragem como a que aparece aqui, mas safei-me com um apoio/pé de mesa. É suficientemente forte para aguentar o peso e a medida interior à conta para um avanço de 1´1/8. Nice! :)
Ficou assim:




O custo foi apenas dos parafusos, buchas e o apoio da mesa. Qualquer coisa como 2€ +/-
E o gozo de fazer as coisas com as nossas próprias mãos dá-lhe um toque ainda mais especial. 
Ideias para suportes originais aqui:
http://www.brit.co/bike-racks/

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

MAMIL

O acrónimo MAMIL ("Middle aged man in lycra") é hoje comum no universo ciclistico. Nada contra. Eu acho que cada um deve usar, orgulhosamente, aquilo que o faz feliz! E se isso divertir os restantes, tanto melhor :)


domingo, 1 de novembro de 2015

O essencial


Junto à fogueira, enquanto preparávamos os nossos jantares, eu e dois amigos conversávamos sobre a arte de viajar levezinho.
No bikepacking, como na vida, "menos é mais", e os meus companheiros de aventura, mais experientes que eu, tinham a técnica já bem apurada. Isso via-se nas formas originais e sábias, de embalar e transportar apenas o que é essencial. Mas o essencial incluía também uma garrafa de vinho, machados e um instrumento musical. Acho que era um ukelele mas não tenho bem a certeza...
Claro que aqui não há contradição nenhuma porque a fogueira é indispensável e para isso os machados são necessários. E a música e vinho, por razões óbvias, também não se podem dispensar quando se vai acampar com os amigos, algures para o meio do mato.



Mas o tema do que é essencial não se restringe à carga.
Essencial é também estar no meio da natureza. Deixar para trás "os confortos" que nos aprisionam e as preocupações que nos entorpecem a mente. Fazer uma pausa do frenezim do dia-a-dia. Saborear uma refeição simples, temperada pela fomeca que se instala depois de uns poucos km´s bem divertidos em trilhos lamacentos. Ficar ali na companhia de amigos e conversar com eles noite fora junto à fogueira. Tudo isso é essencial para mim.



Mas como conseguir isso? A resposta vem em forma de sigla: S24O, ou - "sub 24 overnight".
A receita é simples: Pegar na bicla num sábado à tarde, rumar a um sítio bonito no meio da natureza, montar o acampamento, pernoitar, e na manhã seguinte rumar a casa, chegando a tempo de almoçar com a família.
Assim, sem inviabilizar outras combinações nos sempre curtos fins-de-semana, conseguimos uma experiência de "micro-aventura", que nos deixa a sensação de ter durado mais tempo do que aquele que de facto lhe dedicámos.

É tão simples quanto isto! E que bom que foi este meu primeiro passeio neste formato! Foram apenas cerca de 40km, dos quais talvez 30 tenham sido por estrada e os restantes em trilhos. Mas valeu bem a pena! Obrigado ao Gonçalo e ao Pedro, pela companhia neste passeio memorável. E que possamos fazer muitos mais! :)

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Aquele instante


É aquele instante em que tudo está onde e como devia estar.
Em que a nossa mente está absolutamente desperta e presente, captando com todo o detalhe as vibrações do quadro, o som do cubo, os músculos a fervilharem, a respiração ofegante, o deslize, o suor a escorrer no rosto... Momentos que este vídeo transmite magnificamente:



A Flow State from Charles Schwab on Vimeo.





quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A nova Velosolex

Lembram-se da Velosolex? 

Pois bem, preparem-se... uma nova Velosolex vem a caminho!!

A nova versão tem sido testada na zona de Oeiras, onde foi vista amarrada a um poste, enquanto certamente os engenheiros responsáveis pelo seu desenvolvimento se banhavam nas praias ali perto...


As fotos mostram um veículo que mantém a tradicional colocação do motor, com um engenhoso sistema de transmissão ao eixo pedaleiro.


A nova Velosolex substitui o pequeno motor de combustão por um motor elétrico, alimentado por baterias colocadas no quadro, garantindo assim uma boa distribuição do peso do veículo.

As baterias estavam ocultas por detrás de uma fita/papel de jornal, como aliás é habitual nas aparições públicas dos protótipos que ainda estão em desenvolvimento. Como sabem, o segredo é alma do negócio.


As muitas horas dedicadas a este projecto não deixaram tempo de sobra para mariquices estéticas. Aqui a beleza é bruta. Está no próprio ferro e no engenho mecânico. Um estilo polémico mas que merece o meu aplauso. Gosto do contraste entre a inovação e um aparente, mas irreal, abandono. Reparem no quadro ferrugento, na cor solitária da forqueta, na ausência do punho direito, no desgaste dos pneus, no porta cargas e no próprio cadeado. Tudo se conjuga num estilo muito interessante! Resta saber se intencional e definitivo ou apenas pontual para disfarçar o protótipo da curiosidade jornalistica...

O tempo dirá se as nossas ruas se voltarão a encher destes simpáticos veículos ou se esta é apenas uma construção solitária, excentrica e bizarra... Seja como for, os meus parabéns para o autor desta maravilha! :)

terça-feira, 29 de setembro de 2015

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O Ruído


O ruído das cidades é uma agressão constante, que muitos de nós sofremos sem termos uma real consciência dela. A nossa mente, tende a direccionar a nossa atenção para os estímulos que são novos, e tudo o resto que está à nossa volta vai sendo automaticamente passado para segundo plano. Por fim, deixamos de reparar no ruído. Mas ele está lá, corroendo dissimuladamente o nosso bem-estar.

Conseguem imaginar uma cidade sem ruído? Refiro-me ao ruído e não ao som da vida nas ruas, do próprio rebuliço, que também lhe dá encanto.  Conseguem imaginar o quanto os vossos dias seriam mais belos? Este vídeo ajuda a passar essa perspectiva:



Mas por muito interessante que seja um vídeo, nada como a vida real! Façam a experiência. Parem. Tomem consciência do som à vossa volta. Seja no meio do caos ou num oásis de tranquilidade. Não seria bom? Então façam como ensinou o Ghandi, sejam a mudança!



P.S. - Enquanto  escrevo esta posta, ouço vindo lá de baixo, rompendo o ruído do trânsito, a melodia de um amolador! Nem tudo está perdido! :)



 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Passeios pelas Ecopistas


As ecopistas são antigos troços ferroviários que foram transformados em vias cicláveis e pedonais.

Nestas férias tive oportunidade de dar um passeio em família na Ecopista de Guimarães e na Ecopista do Minho. Adorei a experiência!

Ao pedalarmos numa ecopista, por ser uma via sem trânsito motorizado, podemos desfrutar muito mais do passeio. Para trás fica o stress que o trânsito automóvel nos provoca, quando com eles temos que partilhar a via. Em vez do ruído dos automóveis temos a companhia do som dos pássaros, do vento, da roda livre da bicicleta e das conversas e gargalhadas daqueles com quem vamos partilhando o caminho.

No dia em que fizemos a Ecopista de Guimarães estava imenso calor! Fizemos apenas a ecopista numa direcção e, por sorte, começamos em Guimarães e assim o trajecto foi quase sempre a descer.

Esta foi a primeira Ecopista que fiz e gostei muito, mas a do Minho que percorremos poucos dias depois, foi muuuuuiiito mais interessante!

A Ecopista do Minho não apresenta qualquer desnível. É sempre plana, acompanhando o percurso do Rio Minho. Começámos em Monção e pedalámos os três até Valença, cerca de 13km, com algumas paragens para pic-nic e brincadeiras. No regresso atrelei o pequenote no trailgator e ainda desviámos um pouco da ecopista para ir espreitar de perto as águas do Rio Minho.

Deixo-vos aqui umas fotos destes passeios:

 Ecopista de Guimarães
  Ecopista de Guimarães
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
  Ecopista do Minho
Rio Minho (perto de Valença)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Descomplicar a vida

Aqui o pasquim tem andado sem pedalada. Não por desinteresse nas bicicletas mas por falta de pachorra para as internets.

Mas esta posta não podia deixar passar. Pelo menos tenho a certeza que o Nuro vai ficar radiante, e só por isso satisfaço 25% dos meus leitores. Nice! Tenho até a certeza que com esta ele me vai pagar um cafezinho! ;)

Então cá vai:


Pedalava a caminho de casa, ao fim da tarde, ali para os lados de Monsanto, quando encontro um ciclista com ar de quem trazia muitas histórias para contar.

Meto conversa pelo caminho mais óbvio: de onde vens, para onde vais? Já não me lembro ao certo da resposta que ele deu nesse momento, mas fiquei logo a perceber que não tinha um trajecto definido e que já trazia muiiiiiiiitos km´s nas pernas. Mais tarde havíamos de voltar a esse tema, já com um mapa à frente, e mesmo assim fiquei baralhado. É que o Keith não viaja propriamente a direito. Vai dando voltas e voltinhas e mais voltas e mais voltinhas. Com isso tudo havia passado pelo Vietname, Cambodja, India, China, Japão, Marrocos, Mauritania, Senegal, e por praticamente todos os países da Europa, à excepção do Lichtenstein e outro que agora não me lembro. E tudo isto repetindo várias vezes alguns países num trajecto que desenhado no mapa resulta num emaranhado deveras confuso e impressionante.

E por falar em impressionante, já vos contei com ele ia numa bike fixed gear!!

Oh yeah!!! Isso mesmo. Porque? Pelas razões óbvias, de que, tendo pernas (e se ele as tinha!!!) é só vantagens, sobretudo a facilidade de manutenção, fiabilidade e ainda a capacidade de travagem!

Capacidade de travagem com uma fixa, pensarão vocês? Pois, mas quando tivémos que parar atrás de um carro que se imobilizou no fim de uma descida com mais de 10% de inclinação, ele comentou qualquer coisa como "com uma bike com este peso, se não fosse poder trava-la com as pernas tinha ido contra esse Peugeot". Ok... mais de 65kg de bike não deve ser fácil de parar à custa de calços de travão. Mas como disse, é preciso pernas. E para o Keith isso não é problema. Antes de se fazer à estrada há já alguns anos, ele era corredor em velódromo. :)

Lá fomos rolando em amena conversa, eu todo curioso a querer aprender ao máximo como se faz uma viagem destas e ele super disponível a explicar o que toda a gente lhe deve perguntar, quando o indaguei sobre aquela noite. Sugeri-lhe o parque de campismo mas ele referiu que preferia evitar os parques por uma questão de orçamento. Monsanto não lhe parecera o sítio ideal para pernoitar e ia em busca de uma zona florestal mais distante, que havia visto no mapa. Percebi depois que era a Serra da Carregueira. Bom, já era tarde e obviamente que o convidei a ficar em minha casa, o que ele prontamente aceitou.

Em tempos já participei no Couchsurfing.com, como hóspede e como anfitrião, e pude voltar a comprovar o quão bom é poder acolher alguém. Adorei viajar com os relatos que ele me trouxe das muitas peripécias e reflexões sobre o mundo que ele vem construindo com a sua viagem.

Ficou sobretudo uma ideia, de que é preciso descomplicar. A vida enche-nos de medos. Medo disto, medo daquilo, e com isso construímos as nossas prisões. Quem se lança numa viagem destas aprende a largar essas amarras. Ainda que a filosofia não me seja estranha, os meus hábitos são outros e por isso fica ainda uma impressão/admiração com a perspectiva de não saber exactamente onde vai dormir amanhã, o que vai comer, para onde vai, e de o dizer com um sorriso nos lábios. Completamente despreocupado. Confiante de que tudo de bom vai aconter... Mas na verdade, preso nas minhas rotinas, eu também não posso garantir uma resposta às mesmas questões... :)
 
 
O Keith e a sua Bike
 
 
Boa viagem ao Keith e a todo os que se aventuram por aí!!!
Podem seguir o Keith aqui: http://keiththewheelman.com/