sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A tradição já não é o que era?

Desta é que eu não estava à espera!
Já aconteceu há alguns meses, mas só agora soube da novidade:  a Brooks criou um selim novo! Não é algo que aconteça com frequência, mas desta vez a notícia é ainda mais entusiasmante. Em quase 150 anos de história desta marca, de grande tradição e reputação, este é o primeiro selim Brooks que não é feito de pele. Em alternativa, o Cambium tem na sua composição algodão, borracha, aço e uma pitadinha de alumínio.


O formato do Cambium parece muito semelhante ao clássico B17. O novo modelo pesa 415g. Menos 105g que o icónico B17.
Ao contrário dos selins em pele que precisam de algumas horas de uso para se moldarem ao seu utilizador e requerem alguma manutenção, esta nova criação promete conforto desde o primeiro km, sem outras complicações. E sem utilizar pele de animais!
A marca afirma que, como os outros modelos, é um selim construído para durar. 
Ou seja, mantiveram tudo o que é bom e eliminaram os defeitos. Se assim for, o preço é agora o único obstáculo para não ter um luxo destes numa das minhas biclas. 
A tradição pode já não ser o que era, mas talvez desta vez a evolução seja uma coisa boa.




terça-feira, 22 de outubro de 2013

O meu primeiro Brevet


Tinha pela frente uma sequência de convidativas curvas e contra curvas. Sempre a descer. O alcatrão lisinho, o tempo ameno e a Estrada Nacional 2 toda só para mim. À volta, um belo quadro outonal de montado alentejano.
Ali estava, sozinho, com a minha bicicelta Masil. Não era a bicicleta mais indicada para um brevet de 200km, por ser demasiado racing e desconfortável, mas para aquele troço era a companheira ideal.
De forma natural, as mãos deslizaram nos drop bars assumindo uma postura mais aerodinâmica. Umas pedaladas vigorosas e com elas a sensação de aceleração transmitida rápida e nervosamente. Depois, foi deixar-me levar embalado pela gravidade...yuuuuuuuuuuuupiiiii. 
Mas um passeio de 200km não é feito só de descidas divertidas...
Aquele dia teve muitos momentos distintos.
Começámos a pedalar em Vila Franca de Xira pelas 8h00, com os primeiros raios de luz e a típica neblina matinal. Até perto do Couço segui na companhia de outro randonneur.
Rodar com companhia é mais fácil porque beneficiamos de alguma protecção aerodinâmica e não é tão monótono.

Mas apesar disso eu gosto muito de rolar sozinho e como o meu ritmo estava mais lento que o do meu companheiro, fiz o resto do passeio a solo.
Pedalando sozinho vou mais próximo dos meus pensamentos e permito-me parar sempre que quero, para fazer uma foto, esticar as pernas, observar a paisagem, comer uma fruta ou simplesmente deitar-me um pouco na relva e ficar a olhar para as árvores a balançarem com o vento.
Com isto tudo, está-se mesmo a ver porque é que no fim do passeio tive que apertar o ritmo para não chegar depois do tempo limite previsto (13horas e 30minutos)...

Outros passeios ensinaram-me que é fundamental controlar a nossa motivação. Por isso, nunca alimentei a ideia de que faltava muito ou de que não seria capaz. Essa ideia é corrosiva e há que controlá-la antes que ela nos controle a nós!! Uma das técnicas é não pensar nos km´s todos que temos pela frente. É preferível viver apenas o instante, e continuar a pedalar. No limite, pensar em etapas: "agora é até Mora"; "agora até Vendas Novas"...
Mas houve um momento em que deliberadamente desafiei esta regra de sobrevivência. Algures na N2, quando tinha 100km pedalados, parei. Fiquei um bocado quieto a deixar-me inundar pelo silêncio e pela vastidão à minha volta. Visualizei a distância que tinha feito e o caminho que tinha pela frente. Senti-me pequenino, e soube bem. Estava ali, sozinho, com a minha bicicleta. Dependia de mim e tinha tudo o que precisava para percorrer a imensidão que me separava do destino. Estava confiante e foi com prazer que retomei as pedaladas. Lentas mas decididas. Não voltei a "brincar com o fogo". Voltei à técnica de pensar o passeio por pequenas etapas e ir curtindo o caminho. 
As últimas horas do dia não foram fáceis. O desconforto em cima da bicla era cada vez maior e o corpo já não respondia com a mesma energia.
A falta de treino fazia-se sentir. Nunca tinha feito tantos km´s de bicicleta e já não pegava na "estradeira" há meses... Ultimamente apenas tenho usado outras bicicletas para as deslocações diárias, o que é bom, mas para um passeio destes está longe de ser o ideal...
A reta do cabo foi por isso um desafio difícil de ultrapassar. Aqueles longos km´s finais pareciam simplesmente intermináveis...

Mas as dificuldades também fazem parte e o propósito delas é de serem superadas. E foi isso que aconteceu. Cheguei a VFX eram 21:10. Faltavam apenas 20min para o tempo limite. Tinha percorrido 224km, um pouco mais que o previsto por me ter enganado no caminho. A média foi de apenas 20km/h, sem contar com as paragens. Para trás ficara o percurso VFX - Coruche - Mora - Montemor o Novo - Vendas Novas - Pegões - VFX. Tinha conseguido completar o meu 1º Brevet Randonneur Mundiaux.
Estava exausto mas feliz.
Venha o próximo desafio!




Os Brevets Randonneur Mundiaux são eventos de ciclismo de longa distância, não competitivos e em autonomia. Em Portugal, estes eventos são possíveis graças a um grupo de randonneurs que de forma entusiasta e voluntária organiza estes brevets. O espírito de todos os participantes é descontraído e de grande camaradagem. Obrigado a todos os organizadores e participantes!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Inspiração


Há filmes que nos marcam. Para mim, Roule Toujurs é um deles.

Trata-se de um filme lindíssimo e inspirador. Uma homenagem a Patrick Plaine, um Homem humilde, grande, forte e muito simples.
É deliciosa a descrição que ele faz dos seus momentos de felicidade por estar a roer uma bolachinha ao frio ou a ver cair uma folha. Ou a forma despreocupada e desorganizada como se equipa ou como prescinde de alguns "avanços tecnológicos"... A ver!
Aqui fica o link: http://vimeo.com/58201809


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O básico

A todos os automobilistas: sff parem lá com as razias!!!!!!!!!!!!!!
Se precisarem de ultrapassar uma bicicleta, mantenham uma distância mínima de 1,5m.
Se não o fizerem estão a por uma vida em risco. É que um carro pode ser uma arma. Portanto, se não quiserem ser criminosos conduzam com precaução. E respeito!
E já agora, um esclarecimento: as bicicletas não têm, nem devem, andar sempre encostadas à berma porque isso acarreta vários riscos para o utilizador da bicicleta.
Por isso, se a estrada oferecer condições de segurança, eu encosto-me à berma e facilito as ultrapassagens. Caso contrário ocupo o meu lugar na via (direito reconhecido no código da estrada) mesmo que isso obrigue os carros a abrandarem.
Eu sei que para algumas mentes é difícil entender mas, as bicicletas não atrapalham o trânsito, elas fazem parte do trânsito! E a estrada não é um autódromo.
ah... e não venham com a conversa do "ah e tal mas os ciclistas tb não respeitam o código da estrada" e outros disparates do género. Esse assunto até dá um debate interessante mas antes disso é preciso que entendam o básico: NADA justifica o uso de um carro como uma arma!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Life Cycles - O filme!

Andar de bicicleta ensina-nos um ritmo diferente. Ensina-nos a abrandar. A tomar o nosso tempo. A viver e a sentir mais tudo o que nos rodeia. Claramente que os realizadores do Life Cycles perceberam esse ensinamento. E muitos outros.
Este não é mais um filme de bicicletas. É um filme sobre a vida, vista, sentida e aprendida aos comandos de uma bicla. São 46 intensos e deliciosos minutos. Por isso, reservem algum tempo livre e apreciem! LIFE CYCLES (versão hd):



(ah... e é favor usar a opção "full screen"!!!)

versão legendada em português (mas com menos definição que o link anterior):
http://www.youtube.com/watch?v=Wo5k2aa1YeE

Se entretanto não tiverem tempo para ver todo o filme, não deixem de espreitar o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=mdIvNzz9JJ0