terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Por uma ciclovia entre Alfragide e Lisboa!

Sendo um utilizador regular da bicicleta na cidade, o tema da mobilidade interessa-me muito! Quando a conversa puxa para aí, lá estou eu a defender o lugar das bicicletas e o seu potencial transformador. São máquinas fantásticas, de uma eficiência incomparável, e capazes de ser uma resposta simulaneamente prática e prazerosa, para muitas das nossas necessidades.
Nestas conversas, raramente me ouvem falar de ciclovias. Costumo até brincar dizendo que as há por todo o lado: São pretas e com faixas brancas. Procuro assim surpreender e contrariar os argumentos habituais do tipo "ah e tal, eu também fazia o que fazes (usar a bicicleta no dia-a-dia) se houvessem mais ciclovias". A verdade é que para além das sempre faladas ciclovias, existem muitas outras formas de promover o uso da bicicleta, nomeadamente medidas de acalmia e redução do tráfego automóvel. Não sou por isso adepto da segregação das bicicletas. Elas fazem parte do transito e o que faz falta é criar condições para a sã convivência dos vários modos de transporte.
Resumindo, é difícil ouvirem-me reivindicar uma ciclovia. Mais depressa, e faço-o muitas vezes, aponto as baterias noutras direcções. Mas, claro está, as ciclovias também têm as suas vantagens e há situações que as exigem.
No meu commuting habitual, entre Algés e Lisboa, uso uma das poucas ciclovias de Lisboa que considero realmente essencial e até bem construída (apesar das sistemáticas inundações a que está sujeita) - a ciclovia que liga a zona de pina-manique ao bairro da liberdade, paralela à "radial de Benfica". Essa ciclovia é uma porta de acesso à cidade muito importante e essencial para vários utilizadores. Sem ela, teria que fazer um circuito bem maior e por zonas mais perigosas em termos de transito. O problema é que entre a zona de Pina-Manique e a Decathlon de Alfragide a coisa muda radicalmente de figura. Esse troço apresenta vários perigos, nomeadamente um transito habitualmente rápido demais, condutores que não respeitam a distancia de segurança para com os utilizadores de bicicletas, curvas apertadas e com pouca visibilidade e zonas sem qualquer iluminação. Refiro-me a esta zona:
 
Foto "emprestada" daqui

Dadas as características daquele trajeto urge fazer algumas mudanças, nomeadamente:
1 - Ligar os candeeiros!!!!
2 - Tomar medidas para reduzir a velocidade do trânsito automóvel (lombas, radares, sinalização, fiscalização)
3 - Construir uma ciclovia.
Sim, é verdade! Ali, também eu, defendo a criação de uma ciclovia.
Digo, também eu, por dois motivos:
1 - O primeiro é que, como já expliquei, não é fácil defender esta solução por preferir habitualmente medidas que promovam a inclusão da bicicleta no restante trânsito e não a sua segregação (há muita informação na net defendendo esta estratégia). Logo, se defendo a existência de uma ciclovia é porque há uma razão muito forte para isso! E aqui há duas: A segurança de quem usa aquela percurso, e o potencial estratégico do mesmo, por ligar zonas residenciais à ciclovia da radial de benfica.
2 - Porque não sou o único! Há outros utilizadores de bicicleta que vêm apontando o mesmo, também fruto da sua experiência. Mas há também muitas outras pessoas, certamente muitas das que ficam engarrafadas nos seus carros nessa mesma estrada, que passarão a usar a bicicleta quando essa obra for feita.
A verdade é que para quem dá os primeiros passos, ou as primeiras pedaladas de bicicleta na cidade, as ciclovias representam um incentivo muito importante.
A possibilidade de ligar o Parque de Campismo é também um objectivo a não descurar. Há uns meses encontrei um casal de reformados holandeses, em Turismo por Lisboa, que saiam do Parque de Campismo e estavam ali naquela estrada assustados e perdidos. Escoltei-os até ao inicio da ciclovia em Pina-Manique e dali seguiram para explorar o resto da cidade. Confesso que nesse momento me envergonhou o atraso do nosso país nesta matéria...
Por tudo isto, gostava mesmo que fosse construída uma ciclovia no troço Alfragide-Lisboa. Naturalmente que seria interessante e faz todo o sentido que a mesma depois siga em direcção a Algés, mas julgo que o primeiro troço é prioritário e essencial por questões de segurança!
Acrescento ainda que isto de reivindicar ciclovias não é um capricho! Não se tratam de exigências vãs. Em primeiro lugar, esta necessidade prende-se com segurança dos utilizadores daquela estrada! Mas já agora, convém relembrar que o uso da bicicleta no dia-a-dia interessa a todos! Até aos que não prescindem do carro. Reparem: Em cada mês percorro cerca de 300km nas minhas deslocações casa-trabalho-casa. Isso tem um impacto imenso na minha qualidade de vida, nomeadamente no meu bem-estar físico e psíquico. Mas não só. Representa também menos um carro a engarrafar os restantes, a ocupar um espaço de estacionamento, a emitir poluição atmosférica e sonora, a contribuir para a importação de combustíveis fósseis. Ah... e tal como vários estudos apontam, a utilização regular da bicicleta promove uma maior eficácia laboral e a redução no número de baixas médicas. Por isso é que há países europeus onde as empresas pagam aos seus funcionários para usarem a bicicleta. Porque sabem que no final, ficam a ganhar! Por cá, pedalamos ainda muitas vezes contra a corrente... mas a maré está a mudar, e é altura de construir esta ciclovia.


Nota:
Este tópico surge na sequência da iniciativa do autor deste blog, a propósito da necessidade de construção desta ciclovia. Recomendo a leitura do, muito detalhado,  estudo que ele fez sobre este assunto. Nuro, bem haja a tua iniciativa! Espero que se crie uma massa crítica capaz de fazer avançar esta obra que interessa a todos! Vamos a isto! Quem se quiser associar, começe por deixar aqui o seu manifesto e junta-se à causa.